2.11.09

Eu, que carregava meu passa-tempo na mochila...

A Vó, que tivera sua infância bombardeada de notícias trágicas vindas da Segunda Grande Guerra, e seus sonhos interrompidos em meio à repressão imposta pela Ditatura, sorriu-lhe por instantes, e disse-lhe, por impulso:

— Como é viver após os dezoito anos, meu netinho enjoado? — Brincou a Vó, emocionando-se ao poder contemplar o momento em que seu quarto neto se transformara em adulto.

— Vó, minha! É como perguntar-me se bolo está bom, antes que eu o tenho provado — Respondeu ele, rindo de suas palavras, forçando uma dúvida inexistente sobre o gosto do bolo que sua vó fizera.

— Mas você acredita que esteja bom, não é ? — Resmungou ela, meio incerta se deveria ter perguntado.

— Claro que sim, vovó. — Firmou-se, dando a ela certeza de suas palavras. — Continuo acreditando em sua experiência com os doces da família, em suas sábias palavras, e em seu amor que transborda do seu coração. — Continuou ele, tentando aliviar a tensão criada pela brincadeira.

— Ah meu neto, então não me venha com dúvidas. E voltando ao futuro, o que ele te reserva? — inquietou-se, ansiosa com a resposta dele.

— Quanto a isto, eu não sei, não, vó. Só uma coisa tenho certeza: Continuo com os mesmos sonhos que não cabem em minhas mãos.

E a vó, em ponto de soltar uma lágrima, retribui-lhe as palavras apenas sorrindo. E este sorriso dizia:

— Este é o meu netinho!

3 comentários:

  1. Anônimo2.11.09

    Ameeei o texto Bren, parabéns! Adorei a comparação que você fez, da idade com o bolo (:

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  2. O que o futuro nos reserva sempre será uma incógnita, rs. Belo texto, moço.

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