16.11.09

Chove lá fora.

É frio. E venta. Desesperanças e sonhos fugazes inudam toda a rua que se faz estreita ao passos cambaleantes deste instável rapaz cheio de ventania. É escuridão. E o sereno sussura aos ouvidos dele que o perigo se aproxima de forma estratégica, aguardando o tempo exato entre o escorregar e o cair neste beco escuro de luzes distorcidas e fracas. Ele se manteve firme ao passar pelo declive que o pegou desprevinido naquela rua conhecida ao dia, estranha e inesperada à noite. É noite. E o som dos sinos da meia-noite ecoa por toda a cidade como um aviso prévio, um alarme. E ele já não se importa mais. Procura, como quem caça um abrigo em meio a tempestades, um canto para se entregar e se deixar devorar de vez, em uma única tentativa. Não foge. Na descida da rua de altos e baixos ele caiu.

Quis analisar se era o certo a fazer, e não fez. Ficou por horas a fio nesta calçada inundada de amores passageiros, corações despedaçados, tristezas reprimidas. O perigo, agora, o cerca contemplando o medo daqueles olhos fixos feitos frestas para ideias vãs. Ele não é ele mais. Seu rosto fora distorcido por suas mãos sujas pela lama da rua enquanto passara-a em seu rosto conturbado. É amor. E dói. E o perigo revela-se humano com rosto, cabelos compridos, unhas vermelhas, seios fartos, tez morena e calor nos olhos. O perigo se senta ao lado dele, fitando os olhos amendrontados que ele carregava em meio a face, aquecendo com um vento de ternura. É manhã. E chove fino. E traz consigo todo o nascer do sol que reflete seus raios nestas gotículas fortes que caiem do céu. O rapaz acorda, trêmulo de olhos vermelhos, e vê que dormira ao lado da pessoa que o fizera ali está. Ele sente o perigo do reencontro em sua tez alva.

Há calafrios. Há também amor, e a ele não era compreensível. Pela tarde que antecedera sua bebedeira jurava a si nunca mais dizer-se o nome dela em si, jurara amar como quem ama o inimigo que te mata com ódio na hora de sua própria morte, jurara apenas nunca mais amar. E, agora, de nada adiantara seus falsos juramentos, suas faltas expectativas, seu falso ódio. Amava, e naquele momento em que pôde observar que o perigo que adormece ao seu lado foi ao seu encontro dentre penumbras que assombram todos que por ali passavam, ele fora capaz de compreender. Seu amor, que nunca ecoou aos quatro ventos o sentimento que sentira por ele, que nunca caçou feito loba por sua companhia, que nunca inundou seu coração de esperanças, ainda era seu amor, ainda que sejas perigoso. Perigosa.

E os dois se mantiveram adormecidos, na Cidade Sem Destino, na Rua Dos Apaixonados. E se aqueceram, na quietude dos seus sentimentos, sonharam.

5 comentários:

  1. -E cada vez que leio os seus textos mais eu me surpreendo.Quem diria que o meu PRIMÃO(rs) seria tão bom assim?Parabéns Bre;

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  2. "É amor. E dói."
    Quando é que o amor não dói?

    O perigo é bem atraente quando descrito por você. Aliás,tudo é tão atrante quando escrito por você.

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  3. Nossa q lindoo. voce escreve com sentimentoo meu bem, e concordoo com tudoo!
    tem tudoo haver com q ta passando agora comigoo!
    sucesso meu bem e to te seguindo

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  4. Cacete garoto...Tá bom demais isso aqui..rsr
    Parabéns lindão!!!

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  5. voce transmite cada palavra em cada sentimento maravilhoso :)
    ameei *-*

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