17.8.09

Monólogo

Está se sentindo mal? Sério ? O que houve? - Nada, houve nada, sempre nada, mais nada, nada. Nada.

12.8.09

Rotina

Com meu estômago embrulhado, nariz vermelho, olho ardido, rosto úmido. Com meus pensamentos tristes, meu sorriso forçado, minha felicidade inventada... Com todas as minhas carências, dependências. Com esta noite que não passa, com esta insônia que me amassa, me rasga, me consome.

Com este vazio, esta dor, esta fraqueza. Com esse amor mal curado, com esse abandono mal entedido, com essa angústia que preenche o miocárdio.

Com essas incertezas que circundam minha cabeça, numa trajetória cíclica, uma reticências sem fim... com tudo isso, ou nada disso, eu me reponho, me controlo, me ouço, me confudo, me preparo para mais um feliz dia,



que terminará igual a este...

10.8.09

Felizes para sempre

Nunca acreditei em uma amizade verdadeira entre um homem e uma mulher que não contenha segundas intenções. Nunca acreditei no amor sincero, fiel e real que não tenha nascido de uma forte amizade. É a primeira vez em minha vida que saboreio o gosto amargo de não saber, não entender, não explicar este estado que não pode ser palavriado, uma espécie de sentimento intermediário entre amor e amizade.

O que vem após, nos contos de fadas, o príncipe e a plebéia se amarem e viverem uma história felizes para sempre? Eles se tornam melhores amigos. Um amor que é amor, é doloso. Sofre-se constantemente. Um casal que beira os 80 anos de amor, não são casados, namorados, são amantes, são amigos. Acho que me tornei um descrente no amor eterno, próximo à maior idade descubro, sozinho, que o amor é uma lata de leite condensado, reflita.

Quando se inicia uma papo, vira coleguismo, vira amizade, vira namorados, termina-se bem sem traições, sem mágoas, o que se vira após? Amizade não é o bastante, mas também não chega na área do goleiro chamado amor. Não se pode mais desabafar sobre tudo, deve-se medir algumas palavras e jamais dizer quem é a da vez, ou melhor, dizer que há uma da vez. De certa forma, é como montar uma fortaleza a dois para se proteger de algo imaginário, quando você percebe que ao seu redor só está você em um mundo criado por dois, dá um vazio, eu dou cor aos vazios, e este é azul, e é úmido.

Mas aos poucos a fortaleza cai, e começa a busca pela ajudante e ela está muito feliz montando outras fortalezas. Surge este estado caracterizado por não caracterizar ciúmes, pensamentos, batidas estremecedoras ao coração. É um estado puro, novo, recém-descoberto. É um estado que eu só tenho com uma pessoa nesse mundo, e esta é capaz de me entender, de me ajudar, de me criticar como jamais conseguiriam.

Um estado intermediário entre amor e amizade, que tem muito mais a ver com a nossa própria sinceridade. You always will be my everything.
Melhores Amigos?

6.8.09

Minha inspiração sou eu.

Depois de muito relutar, percebi, então, que o meu assunto era eu. Mas não eu de existência, nem eu em crise. Mas sim eu de mim. Eu de memória, eu de vontades. Eu de escrever. E é incrível como escrever por sí só já é terra fértil que faz brotar a idéia. Terra habitável, terra semeável. Terra Divina.

E por ser assim reveladora, é possível dizer da escrita, quando necessária, que é a maior certeza da vida, pois nos mostra de nós, a nossa essência, nos confirma existência de tudo a todos. A Deus agradeço por esse presente, por esse dom, quase místico que é escrita. Deus abençoe a todos que, usando a alma como tinta, escrevem.

5.8.09

A prosa que eu nunca te escrevi.

Às vezes me perco dentro do labirinto que trago no peito. As lembranças, me basta apenas reviver. Não faz muito tempo que me entreguei por completo à mudança, não faz muito tempo que amei você. Meu antigo amor tinha uma fome insaciável pela felicidade, tinha uma covinha no sorriso que me alimentava. Era como um dado num jogo em movimento... tudo dependia do ângulo que eu olhava, às vezes parecia nem ligar, outras ligava tanto que mais parecia pena.

Amar alguém que já tem outro alguém é complicado, mas amar alguém que busca esse outro é uma dor imensurável. Foram feitas mil loucuras para essa conquista: passei manhãs a fio de férias ensolaradas dormindo, acordava tarde e me embriagava de água, me entupia de poucos grãos de arroz e pouco caldo daquele feijão carregado.

Mudei por mim, mas principalmente, por você. Andava pelas ruas destraído com pensamentos entediados de seu nome, e ao me verem, perguntavam-me se tinha adoecido. Era um ex moleque que você, um dia, apenas gostou. Fiz-me alguém tão determinado, tão corajoso, tão mudado que você não poderia gostar dessa transformação, você deveria amar.

A imagem do nosso primeiro encostar os lábios, acareciar a face, envolver-nos aos braços me vem à cabeça como um fotografia recém tirada de uma polaroid onde você fica assoprando para a imagem se estabilizar, mas às avessas, me pego arrumando uma forma de transformar essa imagem estabilizada ao que era antes, úmida, fresca, real.

Você me fazia feliz com validade. Eram exatos sete dias para seu arrependimento aflorar, e você começar aquele joguinho de esconde-esconde, a me ignorar, desprezar... E foram exatas 3 vezes, que torturei com as suas idas e vindas.

Naquele momento que ficamos um defronte ao outro - passados dias naquele jogo - houve uma revelação cega: é preciso dar o 'remédio do silêncio' para tratar a indiferença do outro; e a agulha com que se aplica deve ser fina e muda; e o olhar - esse é o mais importante - o olhar deve ser irrelevante, vazio, porque a cura vem do silêncio secretamente enfurecido e só ele sozinho é capaz de dizer o que a alma muda não consegue verbalizar.

Eu não te disse nada além de um oi indiferente, um como vai indiferente, um até mais indiferente, e o que não te disse ficou tatuado na alma: te amo.. diferente de tudo que já amei. Meu antigo amor jurava não ter pena, mas bem que eu notei em seus olhos um ar de compaixão ao dizer um sim, um sim tão murcho que me contentaria com um sim calado. Mas eu acho que te surprendi, meu querido antigo amor.

Fui tão intenso, fui tão eu contigo, que você me amou pura e verdadeiramente até na terceira semana, até minha cegueira passar. Passei longos meses idealizando meu amor, e de tão idealizado, ele ficou maior que você. Eu amei mais minhas fantasias, ilusões, desejos, esperanças.. Que quando pude tocá-los, alcançá-los, eles se revelaram grandiosos, porém menores.

As lembranças que trago daquela época são paradoxos complexos que eu forço para não lembrá-los, e quando mais forço é quando mais fortes, justamente, eles ficam. As indas e vindas, os choros e as alegrias, o fascínio e o desencanto.. tudo vivido e revivido a cada 'vamos dá um tempo', a cada volta que eu sempre te concedia.. a cada essa montanha russa. Os traços dessas palavras sempre são retas por mais tortuosas que pareçam ser, pois se não fosse assim, como poderiam atravessar meu peito com tanta precisão? Atravessar as paredes que se embaralham nesse labirinto que faz moradia em mim...


Há tantos vestígios do meu antigo amor em mim. Você me fez sofrer, mas me fez viver, me fez criar um amor-próprio, você fez com que eu me superasse, você, ironicamente, me fez uma pessoa melhor. São dessas virtudes que gosto de lembrar, são só dessas que a sua saudade me faz lembrar te ti outra vez ...

3.8.09

Aperte o play

Eu poderia agora falar um pouco sobre amor ou alguma futilidade do tipo, mas eu queria mesmo falar sobre controle remoto. É, mas não é qualquer um, tem que ser tipo dvd, com pause e tudo. Acho fascinante, me entretenho na mágica facilidade que ele me dispõe.

Se tem alguém azucrinando minhas idéias, eu posso resolver isto num simples aperto, desde um abaixar volume, até um desliga. Ah, mas se tem alguém me animando, cantando, fazendo piadas, aumento o volume, gravo, coloco legenda e tudo. Deve ser fascinante possuir um controle desses na vida real, selecionar pessoas, lugares, sentimentos: sai isso, vem aquilo, ah isso é bom, aquele lá nem tanto.

Há um acidente para acontecer no piscar dos seus olhos, pause. Entro de mansinho na tragédia, tiro a pessoa do carro, ficamos em lugares a salvo e play, vejo o carro explodir. Se estou amando, é quero mais o botão que faz andar tudo devagar. Se estou odioso, aperto o >>,e só alegria.

Mas possuir um controle desses requer bastante responsabilidade, não é qualquer um que pode ter. Já pensou se uma pessoa que não vai muito com a sua cara tem esse controle? No meio de tantas asneiras que falamos, em meio a tantas babaquices, ele chega e aperta o replay, depois congela a imagem, e ficamos ali ridiculos até a risada dele acabar. Pensando bem, um controle da vida seria ameaçador. Em mãos erradas, poderia causar milhares de danos irreparáveis.

Por isso, seria bem mais legal ter uma reloginho de pilha para a vida, e até te diria porque, mas eu gastaria muita duracell para isso.


*Texto registrado e protegido pela Biblioteca Nacional.