30.10.09

Jaz aqui, comigo.

Mas daqui umas semanas, tu vais me ligar. Querendo contar a história de sempre, no lugar de sempre, na tua vida de sempre. Tu pedirás que eu fique mais um pouco, porque nem é tão tarde assim. Tu encontrarás uma desculpa para me chamar à toa, apenas para sentir-se bem, quando todos fazem mal a ti.

Tu vais rir comigo quando eu começar a minha mania de rir de tudo e sem parar. Tu vais querer tanto este dia que mal conseguirás entreter-se em tua rotina sem graça. E quando este dia chegar, daqui umas semanas, ou meses, eu não serei quem tu carregaste sempre ao teu lado quando no aperto precisaras.

E neste dia, eu lhe direi não, sem sofreguidão e/ou desespero. Será tão fácil que não pensarei antes. Neste dia que nos era tão distante, hoje se faz futuro próximo em minhas palavras.

Mas em meu coração, este dia já é passado.

E já faz longos meses.

28.10.09

Guarde-me [te]

À beira cama, numa quietude serena, onde nenhuma voz quarto afora se fazia ouvir, uma ganhou vida. E mais uma. E silêncio.

— Durmas com Deus! — sussurrou a Voz, em uma tranquilidade forjada.

Silêncio.

"Quantas histórias eu não contei, quantos choros não ouvi, quantas vitórias não contemplei, quantos momentos desperdicei?", em pensamentos retóricos, contestou-se a Voz.

A Voz deu de costas à cama, e direcionou-se à porta. De madeira velha e despedaçada, a porta rugiu. Acordando, assim, a pequena Voz.

— Espere! — exclamou a pequena Voz. — Quem és tu?
— Tu não me reconheces mais?
— Devo mentir?
— Achas que deve?
— Queres me responder, sem perguntas? Quem és tu?
— Um anjo.

A pequena Voz fitou o vazio, em meio a escuridão. Em uma tentativa frustrada, ela tentou alcançar a lanterna que sempre ficara ao lado da cama, mas a Voz, cautelosamente, já a tirara de jogada. Espertamente, a pequena Voz lembrou-se do abaju, e no intervalo de levantar a mão e acendê-lo, a Voz já o fizera.

— Calma, agora podes me ver bem.
— Nem tanto, mas vejo teus olhos.
— Reconheces os olhos de teu Anjo?
— Tu és meu Anjo? Anjo-da-Guarda?
— Sim, sou eu.

A Voz sentiu um orgulho invadir seu espírito ao se afirmar à pequena Voz, que mesmo sonolenta, se sentiu bem disposta.

— Então, tu és meu Anjo-da-Guarda!
— Sim, e tudo que me pedires, posso atender-lhe.
— Tudo tudo tudo, mesmo ?
— Tudo, consoante à regra.

A pequena Voz fechou os olhos. E no seu interior, dentre tantos pedidos e desejos, a pequena Voz não hesitou.

— Quero meu antigo Anjo-da-guarda de volta, Anjo!
— Mas sempre fui eu, o mesmo de sempre.
— Então tu achas que, mesmo por estas luzes fracas e esta fala sonolenta, tu podes me enganar? Tu não és meu Anjo Verdadeiro! Saias daqui, já!

Silêncio.

A Voz se concentrou e respirou fundo.

— Sou eu.
— Mas não és mesmo.
— Por que estás a dizer isto?
— Simples, se tu és o mesmo de sempre, o que estavas fazendo ontem quando cá não me abençoaras?

A Voz entendeu bem a pergunta, e nada o que pudesses dizer soaria tão verdadeiro para a esperta pequena Voz.

— Eu estava aqui sim. Tu estavas a dormir um sono profundo e não podes sentir-me vivo ao teu lado.
— Não, Anjo. Eu espero tua chegada todos os dias, durmo um sono fingido à espera.
— Pois ontem só pude visitar-te bem, mas bem a noitinha mesmo.
— Mas logo ontem que eu esperei a noite toda...

Silêncio.

— Então, Anjo. Vai atender-me ou não? Quero meu verdadeiro Anjo de volta, e você pode cuidar de outros!

A Voz saiu pela porta que fez um estardalho em meio a colisão maçaneta-chão, deixando a pequena Voz sozinha no quarto. E a mesma Voz entrou pela mesma porta que fez um rugido quase mudo.

— Andas procurando por mim? — imitou a Voz uma voz diferente. — O que queres?
— És tu meu verdadeiro Anjo-da-Guarda?
— Sim, sou eu.
— Então tu podes me atender um pedido ?
— Claro que sim.
— Podes fazer o meu antigo do antigo Anjo-da-Guarda de volta, Anjo?
— Mas antes de mim, só fui eu mesmo.
— Não. Não!


A Voz saiu pela porta, e não fez barulho. Demorou horas a fio afora pensando no que fazer. À medida que enxergava uma solução, outros problemas surgiam para tantas soluções. A Voz já nervosa, abriu a porta com ar de demolição e entrou no quarto.

— Seu antigo antigo anjo foi demitido pelos Céus.
— Não foi nada.
— Como tu podes duvidar de mim, insolente?
— Simples.
— Ahn?
— Meu anjo está na minha frente. — quis sorrir a pequena Voz — Oi, Anjo-da-Guarda, meu.
— Tu éstas endoidado?
— Nem tanto.
— Como sabes que sou eu, teu verdadeiro Anjo-da-Guarda?
— Porque eu espero por ti todos os dias, e sei bem quem tu és.
— Quê!? Como eu sou?
— Assim.

Reparando a nervura aparente nas ações da Voz, a pequena Voz ponderou suas palavras e as disse.

— Eu sei quem tu és, sim. Tu sempre entras aqui disfarçado, e sempre me enganas. Mas hoje, não. Fui eu quem te peguei. Tu não eras nenhum outro destes. Tu és isto. — revelou a pequena Voz, dando forma a cada palavra, cuidadosamente.
— Deixes de bobagens, não há arpas, não há anjos, não há nada. A brincadeira acabou.

A pequena Voz garagalhou.

— Tu odeias perder né?
— Odeio brincadeiras.
— Meu anjo, acalme-se. Tu não és só trabalho, só preocupação, só tormento, só desamor. Tu és anjo, sim. Meu anjo, meu, meu, meu, meu, meu, meu, meu. — pareceu se divertir a pequena Voz.
— Pares com esta idiotice! Sou nada de anjos, esqueça esta brincadeira que não se sabe lá o por quê de eu ter inventado.
— Como posso esquecer se amanhã tu vais fazer a mesma coisa, talvez não como anjos, mas quem sabe como Super-Heróis?!
— Você não está sendo irônico, não né?
— Anjo meu, Guarda minha. Guarde bem estas minhas palavras.: Tu não precisas ser ogro, ser rude, ser monstro. Tu não precisas se envergonhar por ser amor, e se não és amor, não precisa se envergonhar por ser duro. E se não és nada, não precisas se envergonhar por ser nada. Para mim tu és tudo. Também não precisas rosar-se por isto. Tu és vitória também, força, valente! Tu és tantas cousas, vejas. Não precisas viver o que tu não és. E nem precisa fingir-se anjo, porque não há fingimento. Tu és o meu.
— Chega desta brincadeira! Vou dormir!

A Voz encaminhou-se à porta em passos minúsculos e antes de atravessar a porta, silabou:

— Boa noite.

A Voz saiu. A pequena Voz respondeu:

— Boa noite, Pai.

Silêncio.

23.10.09

Meus [teus] erros;

Oi! — tentou ele, com uma voz tímida, quase inaudível àquele par de orelhas com brincos minúsculos. Ela disfarçou seus movimentos com exatidão e pôs-se firme ao mirar um ponto fixo inexistente no meio daquele ônibus vazio.

Posso me sentar? — insistiu ele, não surpreso com a feição inexpressiva que foi desenhada naquele rosto de tez alva. Seus pensamentos sussurravam aos ouvidos palavras doces, e a faziam reviver todas aquelas lembranças de quatro anos em milésimos de segundos. Ela quis titubear, mas se manteve concentrada.

Durante os dias de inverno, Maria Flor arrumava as roupas de cama pacientemente, de forma suave, como se estivesse ouvindo uma Bossa Nova embalando sua manhã gélida. Nesta alvorada, sentindo-se trêmula por causa do frio, ela abriu seu armário, e escolheu. Por instinto, puxou seu cachecol rosa e branco xadrez e um casaco preto que usara apenas em certos dias de outono. Dirigiu-se ao banheiro, a fim de pentear seus fios sedosos e pretos, e esbarrou num porta-retrato em meio a pia. Ao colocá-lo de pé novamente, seu coração pulsou. Nunca o tirara dali. Ela ignorava aquela foto, todos os dias, na mesma hora, antes de ir ao trabalho, como parte de um treinamento peculiar. E, agora, a foto ganhou vida uma outra vez, fazendo seu coração acelerar-se. — Bê! — pensou ela, e pôs-se a chorar em um instante, e no outro, já tinha olhos secos e seu cabelo arrumado. Ela levou consigo a foto. E saiu de casa.

Por favor? — caguejou ele, desacreditado, sentindo-se um idiota qualquer. De repente e minusciosamente, Maria tirou sua bolsa de listras verdes do banco ao lado, permitindo-o sentar-se juntamente a ela. E, ela, nada o disse.

Ele se sentou ao lado dela, e um silêncio mesclou-se com o ar rarefeito que ambos criaram.

Está frio, tu não achas, Flor? — continuou ele, inquieto, em um tentativa de quebrar a mudez.

Ela assentiu e deu de ombros.

Tu estás indo ao trabalho? — persistiu ele, incrédulo de uma resposta falada.

Ela assentiu e pôs os fones de ouvido. Na cabeça dele, foi criado um novelo de perguntas à toa. Perguntas sobre o dia, sobre os pais, sobre o freddy, o cachorrinho vira-lata que ela adotara, sobre qualquer coisa. Numa tentativa de dizer qualquer uma delas, ele soltou:

Tu não me amas mais ?

Ele se surpreendeu com suas palavras, e quis desejar não ter saído de casa. Os dois corações, agora, batiam na mesma frequência, com infinitas batidas por segundo. Ele sentiu o corpo tremer, não mais pelo frio, pelo calor de suas palavras, sua boca ficou ressecada, sentiu a adrenalina correr em suas veias, suas pernas andavam, desandavam paradas e estacavam trêmulas. Ela continuou firme, olhando para o mesmo ponto fixo, mas, agora, seu coração palpitava, e suas pálpebras iniciaram uma movimento de abrir e fechar, embaladas pelos cílios. Viam-se gotas esvaindo-se de suas glândulas lacrimais, via-se choro. Choro mudo.

Tu não gostas mais de mim? — consertou ele. Indagou-se se o que havia dito era o mais correto a dizer, mas de nada adiantara seus questionamentos internos, seu corpo e suas palavras tinham vontades próprias, ele era apenas o reflexo de seus sentimentos.

O choro de Flor ganhou forças, e agora pequenos soluços eram perceptíveis a ele.

Andes, fales tu, Flor, acabes com esta agonia dentro de mim — choramingou ele, que continha olhos marejados. Maria Flor tentou concentrar-se novamente, enraivecida pela forma em que seu corpo respondera a indagação dele. Lembrou de todos seus esforços passados, deixou sua mão ir ao encontro de seus olhos, e continuou a fitar o mesmo ponto. Ela olhava um coração desenhado no vidro do trocador, e, agora anestesiada pelas perguntas dele, conseguiu identificar o desenho. Voltou ao seu choro mudo.

Flor, tu não tens idéia do quanto quis relevar-te que estou arrependido, e é quando fecho os olhos pela noite que este sentimento torna-se pleno e acompanha-me, juntamente com a solidão, na hora de dormir. Eu, que sempre fui um imaturo na arte de amar, reconheço que também fui negligente. Meu amor é grandioso. E é teu. E é nosso, é tudo nosso. Posso ter me esquecido de ligar as noites de outono a ti, posso ter te visto pouco, te visto muito pouco e, ainda sim, te amei. Única e exclusivamente. Em meio as guerras que travo em mim, posso consagrar-te vencedora.

Maria Flor era cachoeira viva. Não conseguia se controlar, de nada adiantou suas prévias deste encontro. Não dissimulou indiferença, como havia receitado. Não se manteve inerte, como tentou no princípio. Não se manteve muda, como planejou.

Tu sabes do apreço que tenho por ti, Bernardo. E por eu também saber, e não estar disposta a encarar toda esta sua inconstância, que eu decidi, não por impulso, matar-te todos os dias, durante todos os meus dias. Tu sempre me foste dúvida, esta é minha maior certeza. Não vou negar que não penso em ti, pois penso. E ensaidamente defronte ao espelho, faço caras e bocas tentando achar a mais indiferente possível para te mostrar quando, pelo acaso, reencontrares tu. Achei meu vazio facial. E foi este que fiz tão bem com outros tantos que entraram neste ônibus, e passaram por aquela roleta. Mas hoje, tu me pegaste de guarda baixa, Bernardo. Pela manhã, vi uma coisa que me enfraqueceu, logo hoje... Tu sabes bem que ainda sei onde tu moras. E, te encontrar por estas ruas, não seria tanta coincidência assim. Por isto, ensaio. Tu tens que lidar com o reflexo de que tu fazias comigo. Mas, sou fraca, e por esta fraqueza, tu me ganhas sempre. Sou vencedora de tuas guerras, como tu disseste, mas não sou a vitoriosa. Tu mexes comigo, Bernardo. Tu tens um jeito só seu de afagar meu rosto cansado, e alimentar meus sonhos descansados. Tu sempre me foste encanto, desejo, mas tu fazias questão de me ser saudade. Eu digo a ti, te amei, e talvez, ainda te ame, mas algo mudou, a vontade de seguir a te amar cessou-se. E, agora, tu me és ferida, cicatrizada. — aliviou-se ela, entre pausas e afirmações, choros e soluços.

A face de Bernardo estava em choque, ele que tanto quis saber sobre o ela sentia por ele, agora, quis não ter se deixado perguntar nada. A dúvida é mais doce que a certeza que machuca, é amarga. E ele conseguira interpretar tudo o que ela acabara de dizer a ele, porque ele já o tinha ponderado. Em poucos instantes após os ditos de Flor, Bernardo permitiu-se chorar. Um choro de um homem que ama, sem soluços, sem contestações, sem mágoas. Um choro de amor, como se estivesse deixando-o transbordar pelos seus olhos que, mesmo com tanta surpresa, seguiam admirar aquela menina de alma sensível e doce. Ele não quis feri-la mais, aquietou-se.

Ela avistou o ponto onde iria soltar, e pôs-se de pé, puxando a cigarra do ônibus, que tinha, agora, umas seis ou sete pessoas de olhos esbugalhados após serem platéia de todo esta conversa. Entre o ato de levantar a mão e puxar a cigarra, sem ela perceber, algo caiu de sua bolsa enquanto o ônibus acelerava. Ao dirigir-se à porta, ela disse um tchau silenciado ao Bernardo, e assim que o ônibus parou, ela saltou.

Ao olhar Maria Flor descendo do ônibus, Bernardo reparou que no caminho havia algum tipo de papel retangular no chão, e pôs-se a pegá-lo. E havia nele escrito à lápis:

"Hoje sua saudade doeu mais em mim, num simples pentear de cabelo, a vida fez com que eu relembrasse você. Acho que cheguei a chorar, mas foi tão rápido que meu rosto não ficou com alguma trilha de lágrima corrente. Fico ensaiando palavras a te dizer. E, quando mais eu faço isso, mais eu aperfeiçoo as últimas que lhe diria caso te encontrasse. Diria a ti que tu agora és ferida cicatrizada. Quando, na verdade, tu és minha maior esperança, uma esperança acalmada. E és amor, meu amor"


Bernardo virou o papel retangular, e descobriu que se tratava de uma foto. Uma foto que lá congelava o momento em que ele a pedia em noivado, e ela, num momento de felicidade eterna, aceitara. Ele seguiu sua viagem com uma felicidade de encher corações vazios, e leu o que tinha atrás da foto para todos do ônibus que acompanhavam. Ouviram-se aplausos. Ele decidira reconquistá-la todos os dias, na mesma hora, no mesmo ônibus, com o mesmo amor.

Maria Flor chegara em seu trabalho, ficou defronte ao computador, e da bolsa tirou seus utensílios. Ao vasculhar, sentiu falta da foto. E acreditou ter perdido no caminho de casa à rua. Entristeceu-se, mas sabia que tinha uma cópia em casa. Quando foi pegar mais uma caneta dentro da bolsa, percebera que lá havia uma Rosa Vermelha, uma flor. Seguida de um versinho:

"Tu és minha salvação, meu coração.
Tu tens brilho, sentimentos e emoção.
Tu és minha flor, meu calor, meu amor.
Eu sou teu e tu és minha, minha Maria Flor"



E ela, externou todo o seu amor, em um único choro.
E este choro dizia: eu amo você, bê.

19.10.09

Teus [meus] erros,

Em meio a tantas interrogações que residem em meus pensamentos, há um ponto imutável. Tu, que sempre me foste dúvida, agora, me és certeza. Poderia seguir as viagens dos meus trens sem destino sem medo de trilhos desconexos e voar pelas mais altas latitudes dos meu sonhos sem medo de cair, porque fechar-me os olhos e pensar-me teu nome era companhia, e em tua companhia, eu vivia. Em passos pausados entre corredores estreitos me dirigi a esta certeza aquilatada há poucos que hoje se faz tema de tais pensamentos. Tu, que sempre me foste lembranças, agora, me és esquecimento. E não penses tu, não sejas assim tão arrogante, em duvidar de minhas lúcidas palavras. E se hoje te escrevo, é porque está tão próximo de te ter em minha vida há 18 anos, que tu te tornas, novamente, saudade em mim. Tu de que eras. Tu de que sonhaste. Tu de que mataste. De tantas inquietações que vivo, me doei ao prazer de não mais silenciaste tu, porque tu me és ferida. Cicatrizada.

17.10.09

Reflexão,

É sob um céu algodão, admirando o passeio de dois pássaros pela imensidão azul, que eu descubro que ainda não te encontei, amor.

16.10.09

Sinestesia,

Tudo era embaçado. Minha cabeça estava cheia de pensamentos entediados de seu nome. Tudo era de um branco nuvem, e mal consigo me lembrar das cores do espaço que habitávamos. Vi, ao horizonte, você se aproximar... Trazia passos desacelerados suportando um corpo quase inerte.

E cada vez mais perto, e perto, e tudo continuava fosco. Num sussurro-mudo, sua voz alimentou meu suspense. Mais uma palavra solta e eu esperava outras mais. Você dizia tantas coisas e eu não lembro de nada, estava surdo esperando aquelas palavras que não saíam... Esperança, tensão.

Meu coração acelerou-se quando seu sussurrar aquietou-se. Tudo era inquietação, saudade. Quando você quebrou o silêncio com seu movimento e veio encostar teu rosto junto ao meu, meus braços circunferenciaram seu corpo e nos abraçamos, ah amor. Pude ouvir as músicas que embalavam nossos corações... Pude sentir-te outra vez.

Levantei, acelerado, cego, enganado, tateando tentando alcançar-te que ja se fora... Meus movimentos alardearam minhas sensações, meu corpo fedia espanto. Você não estava lá comigo... E, assim eu entendi que uma falta amarga nos presenteia depois de um sonho bom.

E meu coração chamava por você, amor...

Canção que faz lembrar,

Minha mente foi rápida ao decifrar a melodia. Não deu chances ao meu orgulho mudar a faixa. Meu coração entendeu logo, meus pensamentos lembraram algo, meus olhos congelaram. Foram poucos segundos suficentes para emergir as lembranças de tudo que ficou para trás. Fui forte, antes que minhas lágrimas caíssem, eu acordei.