12.9.11

Com pregadores

Por esses dias, me tirei do modo "em espera" da sua máquina de lavar que ocupa a lavanderia de minha casa. Depois de tanto enxaguar, sacolejar e esperar me tirei daí de dentro com um desejo reprimido de apertar "continua". Deve ser por isso que minha casa andou inundada e eu, cega, não pude observar que era eu quem pingava. Você sempre sequinho. Emgomado. Eu sempre úmida. E sempre fora assim. Mas, agora, acho mesmo que to secando. E não nego que doa quando me torço respinguando sentimentos por essa varanda fria. Está sol. Aproveitando toda essa beleza de calor, preparo-me para me pendurar no varal da vida. Enquanto ninguém me tirar daqui, eu sigo assim. Evaporando, pingando, secando. E toda a nossa história molhada secará. E eu estarei pronta para me deixar enxaguar de outras histórias.

11.9.11

Capítulo 1

Ventava. E chovia fino. Era possível umidecer os olhos fitando choros inconsoláveis entre as pessoas desconfiguradas cujas faces desalinhavam tenuamente. Outra explosão. Caos. - Corram, corram! - disse-lhes alguém que continha desespero na voz. Dois dos maiores prédios mundiais se resumiriam em destroços. E, em meio à angustia de quem ainda vive, duas crianças me chamaram atenção. A maior delas gritava deliberadamente como numa tentativa fadada ao fracasso em mudar todo aquele cenário que fora pincelado naquelas ruas de Nova Iorque. A outra, no entanto, silenciava. E esse silêncio fora ensurdecedor ao meus ouvidos que acompanhara tudo de perto. De tão perto. Quase dentro. Thiago tinha 15 anos. Perdeu o pai. Rafa tinha 13. Perdeu a mãe.

8.9.11

Das cores

Ela podia jurar que seria cor de noite, e seus olhos sobressaltavam admirados com a beleza da surpresa: era cinza. Claro.
Bem Claro.
Quase branco.

5.9.11

Frag-men-to

"Permanece imutável o frio na barriga e a dificuldade de dizer qualquer pequena coisa, como se fosse platônico depois de já ser correspondido."




(Mariana Costa)

28.8.11

Urgência.

Eu carrego em mim um sentimento urgente. Se fogo fosse, extintor resolveria. Se vento fosse, o vácuo resolveria. Se chuva, o sol. Mas é amor. Tão avassalador que não se sabe calar. Só ecoa. E ecoando, assim como quem liberta uma libélula, voa. Parece uma sirene em meio a um trafégo congestionado. Pedindo passagem. Sabe-se lá a quem. Apenas pede. E pedindo, invade. E invadindo, toma posse. Chama de seu. Meu. Amor. Tão urgente quanto a necessidade de um prato com guardanapo para tirar o pastel da banha que já queima. Tão vivo quanto redbull te deixa em balada eletrônica. Tão gostoso quanto uma beijoca na bochecha da criança mais fofa do mundo. Mundano. Amor mundano. Que não se sabe onde achar. Queria te conhecer mais no mundo para que eu pudesse saber pode onde andar à toa e te encontrar não fosse assim, pra mim, tamanha coincidência. É que eu carrego outro sentimento urgente. Se trem fosse, freio nenhum pararia. Se frio fosse, aquecimento global não derreteria. Se choro, riso algum mudaria. E voa, ecoa, e magoa. Tenho em mim um amor que conhecido se faz vivo. Que de pouco vivido se faz tímido. Que de pouco amado, se faz amante. Urgente. Pra gente.

25.8.11

Feeling

She took my heart, I think she took my soul.