" Desesperanças e sonhos fugazes inudam toda a rua que se faz estreita aos passos cambaleantes deste instável rapaz cheio de ventania."
12.3.12
Realisonho
Maria estava mesmo tentando salvar seu noivado. Quando o amor entra em desalinho, descarrilhando tons e melodias, as mensagens começam a não chegar. E o celular começa a não tocar. Estava firme de que havia uma forma de evitar o desamor: desamando. Andava com seus fones de ouvido e esquecia do mundo afora de suas músicas. Não cobrava, não ligava, não encontrava. Tinha que sumir. Até que, um dia, passeando pela floresta indo para casa da vovó, ouviu: que olhos grandes você têm. Quis gargalhar, zombando da tentativa frustada de alguém a amedrontá-la. Que boca grande você tem. Titubeou. A voz ganhara um tom mais grave e já não havia tanto motivo para sorrir. Que seios grandes você tem. Vou chamar a polícia! Chama... Vamos ver se você terá tempo! Maria deu um salto por entre a lama que se formara entre aquelas raízes grossas com com folhas secas, mas era tarde demais. A voz estava atrás dela, esperando para dar o bote final: você quer se casar comigo?
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