3.2.12

Rei de paus

Eu nunca quis ser a artesã de eu vou te esquecer, porque tentar te esquecer é andar na contramão do eu não vou te amar e hoje, meu bem, eu bati feio com o carro. Talvez eu não consiga ser mais a artesã de muitas outras palavras, porque você silenciou minha vontade de traduzir o que não tem tradução. Amor. Eu e minhas mãos estamos quietas. É de minha vontade deixar impressa essa decepção apenas em espaços, não em letras. Juro, estou cheia de casquinhas pelo corpo e mais uma não me fere tanto, e já vejo cicatrizes se formando por aqui. Estou desacreditada nessa besteira de amor, pode ser que exista para você, leitor sortudo, sortuda, amante, contemplada pela reciprocidade. Pra mim não. Por isso, andei muda. Estive magoada, como quem perdeu um jogo importante porque trocou as cartas, confundiu paus com copas. Paus com copas... Mas passou, sabe. Demorou pouquinho. Estou embaralhada. E pronta para jogar de novo. Com novas cartas. Que nunca mais me atreverei chamar de minhas.

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