13.10.10

Quero suspiros intermináveis.

O dia raiou. Os pássaros que há muitos não apareciam, gorjeavam nas sombras das árvores primaveris. As cigarras brindavam à emoção de novas descobertas. Tudo se renova.
O dia fechou. O sol pôs-se escuro, um escuro fictício. A Lua emitia feixes de luz nos olhos dele. E ele refletia. A felicidade.

Dentro, havia um vento uivante que soprava risos em sua boca. Fora, havia um clarão que incendiou toda a paisagem. Era felicidade.


Felicidade datava do dia 25 de Setembro, e tem nome, sobrenome. Não tem endereço.
DRV.

24.6.10

Fim.

Há muitos este sonho se faz feedback em minha mente cansada. Cri que era chegada a hora e o céu consentiu emanando brilho pelas estrelas coadjuvantes nesta história. Desassossegado, entre pausas e suspiros, volta e meia, buscava na Lua, a permissão. E Ela, enquanto não permitia, nada eu diria. Soluçava, fingindo tossir, corava-me. Afogado por um mar de ansiedade, minhas pernas trêmulas, puseram-se a andar de canto a canto. Era chegada a hora. Levantei-me e conferi a forma em que a constelação se modelava em torno à Lua, era chegada a hora. Fechei os olhos. Suspirei.

20/06/2010 — Eternizando um momento.

"Ainda vejo o cheiro da sua surpresa: é doce."

22.6.10

Eu protegi teu nome por amor.

Eu não posso deixar
Este amor rasgar a pele
E fugi pelo peito

Eu quero mais que arda.
Que doa. Que fira.

Eu não posso deixar
Tudo que me sustenta, ceder.
Eu não posso deixar
Tudo que me alimenta, morrer.



"Se fosse apenas paixão, eu entenderia. Se fosse apenas desejo, eu entenderia. Mas tinha um quê a mais. Sempre tem um quê a mais..."

18.6.10

Querer.

'Eu quis tanto ser tua paz'. Eu quis tanto ser teu remédio. E teu veneno. Eu quis tanto te olhar ao acordar e fitar teus olhos umidecidos de graça. Eu quis tanto ser tua graça. E teu lamento. Muitas vezes quis ser tua companhia. Poucas, tua distância. Eu quis tanto ser tua saudade. Eu quis tanto que tu olhasses para o telefone e automaticamente discasses meu número. Eu quis tanto que tu tivesses meu número. Meu nome. Meu endereço. Meu rumo. Eu quis tanto ser teu rumo. Quis tanto guiar-te por este mundo afora e mostrar-te da beleza que carrego em meus abraços. Eu quis tanto teus abraços. Eu quis tanto tua beleza. Eu quis tanto te guiar...

Eu quis tanto te beijar e poder falar dos tantos quereres que querem sair de mim e ganhar vida. Eu quis tanto ser tua vida. Eu quis tanto tomar café-da-manhã contigo e viver com teus amanteigados. Eu quis tanto ser teu amanteigado. Eu quis tanto que tu tivesses me amado. Talvez um pouco mais. Talvez, um milímetro a mais. Eu quis tanto tua coragem e fazer-te compreender tamanhas vontades. Eu quis tanto que tu tivesses vontade. Eu quis tanto ser tua parte. Eu quis tanto te levar a Marte, passeiar por Júpiter e te levar ao Sol. Eu quis tanto ser teu Sol. Tua Lua. Tua Terra. Teu chão.

Eu quis tanto tua mão. Tua pele. Eu quis tanto teus detalhes. Tua piscada de olho. Teu sorriso entreaberto. Teus dentres trincados. Eu quis tanto aproveitar teus silêncios. E roubar-te em minhas palavras. Eu quis tanto ter o destino de tuas palavras. Eu quis tanto teu suor, tua malemolência. Tua vivacidade. Teu calor. Ah! Eu quis tanto ser teu amor.

17.6.10

Vem.

Ainda estarei te esperando naquela mesma praça, na esquina daquela ruela. Apresse-se um bocado porque agora eu tenho pressa. Não perca seu tempo, meu tempo, não perca mais todo nosso tempo perdido. Eu não quero mais viver de expectativas. Eu quero te falar, deixar saber, evidenciar, proclamar, ressaltar, amar. Mais. Um pouco mais. Não sei que horas marcam naquele relógio desenhado no banco da praça destruído pelo tempo, não sei se tu ja estás a caminho. E pouco sei sobre o caminho. Ainda te espero, agora em pé, nesta mesma praça onde tu sempre podes me encontrar. E nunca encontrou. Ainda te espero. Por apenas mais uma vez.

5.3.10

Confusão temporal

Acho que nasci na época errada.

Estava por ler "Clássicos sobre a Revolução Brasileira", e foi inevitável, logo de imediato, questionar-me: "Onde estive?". Sonhando talvez, era o que de praxe fazia após vê o recém comprado VHS de desenho animado. Correndo talvez, porque corridas e piques marcam uma infância. Descansando talvez, no ventre de minha mãe esperando a hora de aparecer ao mundo. Por que vir parar nesta época de revoluções fracassadas? Ao lado do grande Che comemoraríamos diversas vitórias, nem que sejam ideológicas, juntos. Com André Rebouças, grande abolucionista, traçaria planos de fugas de escravos assolados pela injustiça que vigorava aqueles tempos.

Se fosse para voltar mas não em forma humana, seria prazeroso ser um fato. Na atualidade, seria o Protocolo de Kyoto. Em 1929, seria o tal do crash. Iria fazer o mundo todo consertar as falhas capitalistas que lhe era fadado há muitos. Na época em que não era permitido pensar, seria o Renascimento, o Iluminismo.

O que mora em mim é uma vontade deliberada de mudar tudo aquilo que me nego viver e/ou concordar. Não consigo ver um jovem contraindo cancer pulmonar em prestações e ficar calado. O que se equivale a centenas de atos, que não me corrompem, mas que influenciam toda uma geração deficitária de cabeça pensante.

Tenho em mente que o errado sou eu, claro. Eu quem nasci na época errada.
Eu quem ignoro os avanços tecnológicos do novo século, eu quem desacredito na
emocionante ida à Lua. Eu sou o errado, claro. E por isso, mergulho em meu livro novo. Não como quem lê e contesta - já o fiz. Mas sim, como quem o lê e o vive.

13.1.10

Vivendo do passado.

"Confesso, acordei achando tudo indiferente
Verdade, acabei sentindo cada dia igual
Quem sabe isso passa sendo eu tão inconstante
Quem sabe o amor tenha chegado ao final..."
(Ana Carolina)



Um mês depois:


Maria Flor mandara um sms após dias intermináveis à espera. Desde o encontro com Bernardo no ônibus, seus dias foram assim: ansiosos.

"Cansei, estou cansada. Faz 30 dias que durmo com meus pensamentos lá em você, e acordo assustada pensando em te perder. Perder? Perder em mim. Eu não quero, não. Eu não queria, não..." (02/01/2010 - 01:46h a.m.)


Joana viu o tremor do celular em cima do criado-mudo. Observou, por entre as frestas da janela, se Bernardo ainda estava escovando os dentes. Esticou suas mãos encharcadas de hidratante até o aparelho. Quando o tinha em mãos, não pensou se era correto ou não. Apenas, o fez. Enviar. Mais tarde, apagar.

"O que posso fazer por ti? Se você não me procura, se você nao vem até mim? Agora, outras ocupam teu espaço, eu só não sabia como te dizer. E digo, então, adeus".

A Maria Flor de algumas semanas atrás despencaria em lágrimas. Esta tem, agora, a razão entrelaçada à emoção. Leu, e em cada palavra, sentia-se forte. E fraca. E uma mistura disso. — Sou fraca, como pudes enviar esta sms se ele nada se importou. Sou forte, eu quem já não me importo mais. — concluiu ela.

"Feliz 2010", ela respondeu via mensagem. Ponderou que, se nada respondesse, o que ele enviou teria sido eficaz, e de tristeza Maria Flor seria.

Bernardo, que estava programando o despertador do celular, se surpreendeu com uma cartinha que animava a tela: de Maria Flor. Feliz 2010. Abrira um sorisso escondido, Joana, cansada da noite que tivera com Bernardo, já estava dormindo. E, ele digitou então.

"Amor, minha Flor. Que saudades sinto de ti. Eu não pude te procurar porque, tu não sabes, mas tive uma viagem relâmpago de negócios, cheguei faz 2 dias e ainda estou resolvendo alguns pendentes. Quero te ver. Feliz 2010"

— OOOOOOK, Bernardo, ok, ok. — enfureceu-se ela. Calou-se. Dormiu.


Dois meses depois.


— Mas olha só, de novo estamos no mesmo ônibus, no mesmo assento, no mesmo ponto, mas em viagens diferentes. — brincou ele, que tentara passar a mão no rosto dela.

— Oi Bernardo, quanto tempo, não? Não passa a mão aqui, tem uma espinha imensa. — disse ela, naturalmente.

— Desculpa. — E logo foi se sentando. — Recebi sua mensagem, fiquei muito feliz por ter se lembrado.

— Ah, que bom. Ano Novo me inspira. — soltou ela, lembrando-se do momento.

— Quando podemos nos ver com mais calma? Sinto falta dos teus beijos, do teu abraço, do teu amor.

— Ih, nem sei Bê. Ando tão atordoada. — mentiu ela, laconicamente.

— Por que está tão estranha? Parece que está forçando frieza...

Ela soltou um riso espontâneo, como se fosse uma piada o que ele acabara de dizer.

— Você acha mesmo ? — riu novamente. — Juro que é impressão. Eu te disse, ando atordoada.

— Como o que ?

— Com a viagem, amanhã vou para o Novo México, e ainda não arrumei as malas.

— Você vai pra longe de mim? E se eu não te encontrasse hoje? Não ia se despedir? Vai ficar quanto tempo? E eu, Flor? E eu? Como fico aqui? — estremeceu ele, com a sensação de que nunca mais viria a Flor.

— São só 3 ou 4 anos. Calma. Estamos distante 4 meses. E foi tão normal. Esta viagem será moleza. E meu namorado vai comigo. Eu vou está tranquila, meu amigo.

— Namorado? Amigo? 3 ou 4 anos? Maria Flor, não vai. Não vai. Por favor, olha como eu estou. Maria flor...

— Desculpa não te avisar antes, é dífcil lembrar das coisas nessa confusão que é viajar. Meu ponto é o próximo. Fica com Deus, Bê.

Bernardo possuía olhos marejados e coração apertado por entre o peito. O que ele fizera durante esses dois meses após a mensagem dela? Nada, além de esperar. — Ela deveria vir a mim. Eu mandei a última mensagem e ela não respondeu. Eu que fiquei na espera. Ou eu deveria procura? Ou? Por que eu não fui atrás, por que? Por que? —Chorou, e foi atrás dela.


Léo esperava por Flor com seu carro amarelo do ano. Flor só teve o trabalho de descer e entrar no carro. E assistiu, pelo vidro do carro, Bernardo ir à sua direção. Mas Léo já tinha dado partida no carro. E a distância entre os dois aumentava. Só fisicamente, porque emocionalmente, para Flor, não existia distância. Porque não existia emoção. Além da indiferença que não é ódio e nem raiva. Só um estado puro de espírito.

"Quantas flores deixei de colher quando na primavera estive em outra estação." Pensou Flor, quando olhava para o Léo. Querendo que ele existisse na sua vida, por muito mais tempo...


Amanhã é um novo dia.





Postagem coletiva. Participe!

7.1.10

Sobre você

Andei colecionando sons. Músicas. Acho que todas falam de amor. Falam sobre você. Andei juntando melodias, frases bonitas, rimas ricas. Elas falam sobre você. Logo eu, que havia decidido não falar sobre você, que havia me encaixado dentre tantos pedaços a fim de que você nunca mais me encontrasse por ai despedaçado, logo eu, que em portos perdidos naveguei contra tua correnteza, me peguei pensando em você, montando-te em um puzzle sem fim. Contruir-te, amor. Como em um cubo mágico, fiz das tuas faces perdidas, uma imagem completa, e eu, que em outras faces estava, me desconfigurei.

Andei colecionando escritos. De todos que eu indiretamente chamei de teu nome. Andei refazendo traços, pincelando emoções em uma carta antiga pelo tempo, andei. Andei tanto por ai, te vi enquanto modelava o que chamam de nuvens de algodão, embebidei-me tanto de teu amor que hoje ando embriagado. Cansado. Mal humorado. Estou de ressaca.

Andei com dor-de-cabeça. Andei sério, estúpido, grosso. Andei, andei e andei que hoje nao ando mais, paro. Inerte. Cansado de pensamentos teus. Até o som vagar por estas ruelas que passeiam em minha vida, até cheiro doce do pão de sal tocar minha pele, até meu olhos fixarem como uma polaroid recém tirada, eu lembro você. Ando colecionando sentimentos. Ando colecionando vidas. Ando amando você.